terça-feira, 6 de novembro de 2007

Fazer a diferença pra que?

"Logo que entrei ouvi gritos terríveis, suspiros e prantos que ecoavam pela escuridão sem estrelas. Os lamentos eram tão intensos que não me contive e chorei. Gritos de mágoa, brigas, queixas iradas em diversas línguas formavam um tumulto que tinha o som de uma ventania. Eu, com a cabeça já tomada de horror, perguntei:
- Mestre, quem são essas pessoas que sofrem tanto?
- Este é o destino daquelas almas que não procuraram fazer o bem divino, mas também não buscaram fazer o mal. - me respondeu o mestre. - Se misturam com aquele coro de anjos que não foram nem fiéis nem infiéis ao seu Deus. Tanto o céu quanto o inferno os rejeita.
- Mestre - continuei -, a que pena tão terrível estão esses coitados submetidos para que lamentem tanto?
- Te direi em poucas palavras. Estes espíritos não têm esperança de morte nem de salvação. O mundo não se lembrará deles, a misericórdia e a justiça os ignoram. Deixe-os. Só olha, e passa. "





Pelo visto eu e Dante temos idéias divergentes, nunca entendi muito bem essa de ser lembrado, fazer a diferença a qualquer custo.Gosto de viver a minha vida, gosto de conversar durante à tarde, gosto de ler , adoro o almoço daqui de casa dia de domingo, essas pequenas coisas ocupam bem mais meu tempo do que fazer qualquer coisa extraordinária e ser lembrado por isso. Sou extremamente normal, e não vejo nada de mal nisso.
Antes de achar um sistema melhor que o capitalismo, antes perder minha vida toda num laboratório descobrindo a cura para AIDS ou antes de querer ser um alguém importante, prefiro caminhar pela praia no pôr-do-sol.



Na minha divina comédia, o inferno seria diferente! Estariam lá aqueles que querem mudar o mundo e por isso deixam suas esposas sem maridos, filhos sem pai, ou que perdem de ser feliz atras do sucesso mas isso já é motivo pra outro post

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